Consulta de Referência de Obesidade Infantil: Experiência de 36 Meses

Authors

  • Carla Rego
  • Carla Ganhão
  • Susana Sinde
  • Diana Silva
  • Álvaro Aguiar
  • António Guerra

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.2003.5131

Keywords:

obesidade infantil, IMC, consulta de seguimento

Abstract

Introdução: A obesidade é a doença crónica mais difícil e frustrante de tratar. A manutenção de um estado nutricional que reduza a comorbilidade sem comprometer o crescimento é o principal objectivo da intervenção terapêutica. A exigência da modificação de comportamentos individuais, familiares e sociais que implica, torna muito difícil a adesão a uma consulta de obesidade. É objectivo do presente trabalho avaliar o resultado da intervenção terapêutica durante 36 meses em crianças e adolescentes com obesidade nutricional, seguidos em consulta de especialidade.

População e métodos: Foram estudadas 138 crianças e adolescentes seguidas em Consulta de Nutrição por obesidade por um período igual ou superior a 36 meses. Tendo por base o protocolo seguido, procedeu-se à avaliação do índice de massa corporal (IMC) (Frisancho), do grau de obesidade, da percentagem de massa gorda por impedância bioeléctrica e do tipo de obesidade (perímetro da cintura/ perímetro da anca) na observação inicial e aos 6, 12, 18, 24 e 36 meses. O IMC dos progenitores foi obtido por inquérito. Foram definidos intervalos para a idade cronológica de início da doença (53, >357, >7511, >11 anos) e para a duração da doença (52, >2.55, >5 anos). Uma redução do Z-score do IMC entre O e 0,6 ou superior a 0,6 foi considerada respectivamente como sucesso relativo e absoluto da intervenção. Os resultados aos 36 meses são definidos como critério de estabilidade, e quando positivos, considerados como resultados de eficácia a longo prazo.

Resultados: Não se observa diferença na distribuição da população por sexos (M= 54,3%; F= 45,7%). A idade média da primeira observação é de 10,6 anos (min= 3,2; máx= 17,8). Observa-se um predomínio da obesidade grau 3, independentemente do sexo (M= 93,3%; F= 71,6%), com valores de Z-score de IMC significativamente superiores para o sexo masculino (p< 0,05). Mais de metade da população iniciou a obesidade antes dos 3 anos de idade (53,5%) e apresentava na primeira avaliação um tempo de duração da doença superior a 5 anos (55,1%). À excepção dos adolescentes, todos os grupos etários registam, ao longo da intervenção, uma descida significativa do Z-score IMC (p< 0,01), registando-se aos 36 meses uma redução de mais de 0,6 no Z-score IMC em 100% das crianças dos grupos com idade inferior ou igual a 7 anos e em 63% das crianças do grupo >75 11 anos. À data da avaliação final a taxa de abandono é de 50%, 44,9% e 61% respectivamente para os grupos de crianças pré-escolares, escolares e adolescentes.

Conclusões: Os autores consideram os resultados da intervenção terapêutica globalmente satisfatórios e estáveis, particularmente para as crianças em idade préescolar e escolar. A elevada taxa de abandono e os piores resultados nos adolescentes sublinham a dificuldade da intervenção terapêutica, particularmente a partir do final da infância. Estes resultados reforçam a importância da prevenção da obesidade, e a necessidade da intervenção o mais precoce possível, uma vez feito o diagnóstico.

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