Ginástica de alta competição e tríade da atleta feminina: realidade ou mito?
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2012.1101Abstract
Introdução: A prática de exercício físico na adolescência tem benefícios na saúde e imagem corporal. Contudo, em modalidades que implicam controlo do peso poderá questionar-se se a elevada frequência e intensidade dos treinos condicionam um compromisso do crescimento e da maturação.
Objectivo: Avaliar a influência da ginástica de competição no estado nutricional, composição corporal, desenvolvimento pubertário, massa óssea, predição estatural e presença da tríade da atleta feminina em adolescentes.
População e métodos: Amostra de conveniência constituída por 27 ginastas e 15 controlos (10-18 anos) do sexo feminino. A avaliação incluiu a caracterização antropométrica, da composição corporal (impedância-bioeléctrica), do estadio pubertário (Tanner), da idade óssea (Greulich-Pyle) e da densidade mineral óssea (DXA L1-L4). Foi determinada a idade da menarca e caracterizado o ciclo menstrual, foi avaliada a tensão arterial e foram calculados o índice de massa corporal (IMC), a estatura genética e a predição estatural (Ernest Prost).
Resultados: As ginastas praticam uma mediana de 18 horas semanais de exercício, cerca de seis vezes mais do que o grupo controlo (p<0,001). Não se encontraram diferenças significativas entre grupos na estatura genética, na idade da menarca, no estadio pubertário, no estado nutricional, na massa óssea e na maturidade biológica, embora as ginastas apresentem um valor inferior de massa gorda corporal (p<0,05). As adolescentes sedentárias apresentam maior prevalência de excesso de peso (47% vs 0%), de hipertensão arterial (27% vs 0%), de osteopenia (20% vs 0%) e de predição estatural final (p<0,05) quando utilizado para cálculo o critério da idade óssea.
Conclusão: A ginástica de alta competição influencia a composição corporal, não se observando porém qualquer compromisso do estado nutricional, da normal progressão da puberdade, da formação de massa óssea ou da estatura final geneticamente definida. Estes resultados questionam o conceito da tríade da atleta feminina.