Espondilodiscite na Criança. A propósito de Quatro Casos Clínicos
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2004.5021Keywords:
discite, espondilodiscite, infecção vertebralAbstract
A espondilodiscite é uma entidade rara, caracterizada pela existência de processo inflamatório envolvendo o disco intervertebral que cursa com estreitamento sintomático do espaço intervertebral.
As suas etiologia e patofisiologia são obscuras e controversas, tendo a causa infecciosa sido anteriormente sugerida. O início da sintomatologia é insidioso, e a apresentação clínica dependente da idade da criança afectada. O exame objectivo é, habitualmente, pouco expressivo, sendo em alguns casos possível desencadear dor à palpação do segmento afectado e às manobras de mobilização da coluna, que pode estar limitada. Os meios auxiliares de diagnóstico são pouco contributivos para o diagnóstico. Analiticamente as alterações são inespecíficas, evidenciando-se elevação da velocidade de sedimentação. Os achados radiológicos embora específicos são, geralmente, tardios. A Ressonância Magnética Nuclear é o meio de imagem de escolha para diagnóstico precoce de espondilodiscite.
Além da caracterização das alterações vertebro-discais, fornece informação adicional sobre os tecidos circundantes, nomeadamente no que respeita à existência de abcessos ou colecções epidurais, paravertebrais e do músculo psoas. A baixa especificidade dos sintomas, associada à escassez de achados ao exame objectivo, à ausência de achados laboratoriais patognomónicos e ao aparecimento tardio das alterações radiológicas clássicas justificam o diagnóstico geralmente tardio desta situação, o qual depende de um elevado índice de suspeição clínica. Este facto justifica a importância de relembrar esta patologia, cuja raridade poder obstar à obtenção de um diagnóstico precoce. Neste sentido, os autores apresentam quatro casos de espondilodiscite, atingindo crianças de diferentes escalões etários e, por conseguinte, com apresentações clínicas diferentes.