Transmissão Vertical do VIH. Modelo de Intervenção Comunitária no Seguimento de Filhos de Mães com Infecção VIH
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.1999.5466Keywords:
SIDA, infecção VIH, transmissão vertical, comunidade, visitação domiciliáriaAbstract
Introdução: São conhecidas as dificuldades no seguimento dos filhos de mulheres VIH+ (razões sociais, económicas, psicológicas e culturais). No HSFX, em 1995, 60% abandonaram a Consulta. Em 1996 criámos um Grupo Multidisciplinar para: diminuir esse abandono, aplicar protocolo ACTG 076, seguir crianças / famílias afectadas.
Material e Métodos: Estudo prospectivo dos filhos de mãe VIH+, nascidos no HSFX num período de 28 meses. Estabeleceram-se regras de articulação entre Hospital, Centros de Saúde, equipas de visitação domiciliária e recursos da Comunidade, do ponto de vista médico, psicológico, familiar e social. As visitadoras são Enfermeiras do Serviço de Pediatria e da UCIN do Hospital.
Resultados: Seguidas 41 famílias (42 crianças). Das mães, 17% tinham idade 5. 20 anos, 46% eram de raça negra, 51% desempregadas / domésticas, 32% toxicodependentes / prostitutas e em 17% fez-se o diagnóstico na Sala de Partos. Das crianças, 33 (78%) eram VII-11+ e 9 (22%) VIH2+. Cinco (VIH1+) adquiriram a infecção, não tendo nenhuma destas feito o protocolo ACTG 076 completo, efectuado em 11 (33%) casos. Duas (5%) crianças abandonaram a Consulta. Das 28 famílias visitadas, 32% eram nucleares, 54% tinham % 5 elementos e 50% pai ausente. Inquérito a 12 famílias valorizou: relação afectiva (54%), sigilo (32%), competência técnica (14%).
Conclusões: Conseguiu-se diminuir a taxa de abandono (60-5%). A assiduidade à Consulta e a confiança entre utentes e técnicos indiciam elevada eficácia do modelo praticado, sugerindo-se a sua adopção por outros Grupos dedicados a esta doença.