Parasitoses Sistémicas
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2001.5275Keywords:
Parasitoses, malária, kala-azar, schistosomíase, larva migrante visceral, neurocisticercose, PALOP, PortugalAbstract
Introdução: As parasitoses sistémicas (PS) são ainda uma causa frequente de hospitalização em África e nalguns países mediterrânicos. O nosso Serviço reúne estas duas características, uma vez que recebe numerosas crianças oriundas dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e se insere numa área onde residem comunidades imigrantes com necessidades de saúde especiais.
Material e métodos: Estudo retrospectivo dos internamentos por PS no Serviço de Pediatria do HSFX de 1989 a 2000 (12 anos).
Foram analisados dados epidemiológicos, clínicos, serológicos e terapêuticos.
Resultados: Num total de 72 internamentos, os diagnósticos foram: malária (20), kala-azar (18), larva migrans visceral (12), neurocisticercose (11), schistosomíase (5) fasciolíase (3), poliparasitismo hepático (2), toxoplasmose adquirida (1). Trinta e nove (54%) crianças vieram dos PALOP e as restantes residiam na área de Lisboa. Predominou a raça negra (81%) e o baixo estrato socioeconómico (58%). Doze (17%) crianças tinham idade inferior a 1 ano. As manifestações clínicas predominantes foram febre, hepatospleno-megalia, palidez, convulsões e má nutrição. Anemia (35 casos), eosinofilia (19), trombocitopenia (7) e pancitopenia (4) foram as principais alterações hematológicas. Os doentes foram tratados segundo protocolos específicos, sendo de realçar a terapêutica de um caso de fasciolíase hepática com bithionol. A duração média de internamento foi de 19,7 dias e 32 crianças (44%) necessitaram de hospitalizações múltiplas para completar a terapêutica.
Conclusões: A admissão de doentes transferidos dos PALOP e a presença de uma população imigrante significativa obriga a que os Pediatras portugueses estejam actualizados no diagnóstico e terapêutica das PS. Os autores revêm os protocolos de diagnóstico e terapêutica destas situações em Pediatria.