Prevalência de Anemia numa População Infantil da Cidade de Maputo
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2000.5323Keywords:
Anemia, lactente, factores ambientaisAbstract
A etiologia mais comum da anemia é a deficiência em ferro e constitui a patologia nutricional e o problema de saúde pública mais frequente em todo o mundo, particularmente nos países em vias de desenvolvimento. O presente trabalho tem por objectivo avaliar a prevalência de anemia no primeiro ano de vida e estudar os principais factores de risco a ela associados. Foram incluídos no estudo todas as crianças que acorreram a dois centros de saúde da cidade de Maputo durante um período de quinze dias e que preenchiam os critérios de inclusão previamente estabelecidos: recém-nascidos a termo, peso adequado à idade gestacional, ausência sintomas de doença e de patologia infecciosa nas quatro semanas antecedentes.
Os dados foram obtidos por entrevista à mãe, com base num questionário que incluiu uma avaliação de índole social, económica, cultural e sanitária, a história obstétrica materna (n.° de gestações, partos e suplementação com ferro durante a gravidez) e a avaliação de hábitos alimentares (tipo de aleitamento e diversificação alimentar).
A hemoglobina foi determinada pelo método de Hemocue.
Definiu-se anemia para valores de hemoglobina inferiores a 110 g/I no lactente e inferiores a 120 g/1 na mãe.
Os resultados revelaram uma prevalência de anemia de 68.7% nos lactentes, e de 54.8% nas mães. Registou-se uma associação positiva significativa entre a escolaridade das mães e os valores de hemoglobina nos lactentes (p<0,01) e uma associação negativa entre o número de crianças do agregado familiar e os valores de hemoglobina no lactente (p<0,05).
Os autores concluem que são preocupantes os resultados obtidos, dada a elevadíssima prevalência da anemia logo desde o primeiro semestre de vida. Para além da correcção terapêutica imediata da anemia, só a melhoria gradual das condições socio-económicas e culturais da população, permitirá reduzir progressivamente a prevalência desta doença carencial.