Adolescentes no Serviço de Urgência: O Que Pensam...
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2002.5189Keywords:
Adolescência, prestação de cuidados de saúde, urgência pediátricaAbstract
A adolescência caracteriza-se pela aquisição de atributos entre os quais autonomia e capacidade de decisão.
Objectivos: Conhecer a opinião dos adolescentes relativamente, às condições logísticas e de atendimento pelos profissionais de saúde no Serviço de Urgência Pediátrica (UP), às decisões quanto a exames complementares e terapêuticas a instituir e à confidencialidade.
Caracterização do estudo: Transversal e descritivo.
Material e métodos: Aplicação de um questionário aos adolescentes com idades compreendidas entre os 10 e 14 anos, observados na UP, no período de 15 de Agosto a 20 de Outubro de 2000. As variáveis estudadas foram: idade, sexo, motivo de consulta, acompanhante, tipo de abordagem, opinião quanto à tomada de decisão, confidencialidade e atendimento geral.
Resultados: A amostra é constituída por 86 adolescentes. Relativamente à sala de espera, 76% consideraram que esta deve servir para adolescentes e crianças mais pequenas. A linguagem utilizada por parte de médicos e enfermeiros foi considerada adequada em 87% e 85% respectivamente. O atendimento médico e de enfermagem foi considerado adequado respectivamente em 93% e 88%. As questões e explicações foram dirigidas preferencialmente aos adolescentes em 42%. É realçada a necessidade de se criarem condições adequadas ao exame clínico em 23% de respostas. A opinião dos adolescentes sobre quem deve decidir quanto aos exames complementares e terapêutica é que deve ser partilhada igualmente com os pais em 49% e ser predominantemente ou exclusivamente o próprio em 30%. Quanto à questão de informar os pais de assuntos sigilosos 66% acham que só em casos de perigo de vida e/ou para pedir auxílio. O atendimento geral foi considerado muito bom/bom em 96% dos casos.
Conclusões: Os adolescentes consideram adequadas as condições logísticas e de atendimento pelos profissionais de saúde e realçam a necessidade de condições propícias ao respeito da sua privacidade. A maioria quer ter um papel activo nas decisões que lhes dizem respeito, pelo que se torna premente envolvê-los. Valorizam a confidencialidade e têm consciência de situações em que é necessária a quebra do sigilo médico. A sensibilização e a educação dos profissionais de saúde nestes aspectos é pertinente.