Perturbações do comportamento alimentar em rapazes: que diferenças?
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2014.3736Abstract
Introdução: As perturbações do comportamento alimentar (PCA) são menos frequentes no sexo masculino (M). A sua subvalorização leva frequentemente a um atraso diagnóstico. Objetivos: caracterizar adolescentes do sexo masculino com PCA e compará-los com os do sexo feminino (F).
Métodos: Estudo transversal analítico com colheita retrospetiva. Consulta de processos clínicos de adolescentes seguidos por PCA de 2005 a 2011. Definição de PCA: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders –4th Edition. Analisámos: idade inicial da clínica e consulta, somatometria, comportamentos alimentares e compensatórios, sintomas, psicopatologia, antecedentes, acompanhamento e tipo de perturbação.
Resultados: Incluíram-se 68 adolescentes, 15% do sexo M. A idade média dos primeiros sintomas no sexo M foi de 14,1+/- 1,3 anos e no sexo F de 13,8+/- 1,7 anos. Dos rapazes, 40% tinham Anorexia Nervosa e 60% PCA Sem Outra Especificação (SOE). Das raparigas, 25,8% tinham Anorexia Nervosa, 8,6% Bulimia Nervosa e 65,6% PCA SOE. No sexo M, 80% tinham distorção da imagem corporal comparativamente a 56% do sexo F. Nos rapazes, o aumento da atividade física foi mais frequente (fisher=0,03), sem outros comportamentos compensatórios. No sexo M houve menos queixas somáticas (fisher=0,002).
Conclusão: Confirmou-se menor frequência de PCA no sexo M e, como no sexo F, foi mais frequente a PCA SOE. Como principais diferenças nos rapazes: maior ocorrência de distorção da imagem corporal, uso exclusivo da atividade física excessiva como comportamento compensatório e menos queixas somáticas.