Displasia Broncopulmonar Revisitada — Dez Anos de Experiência Numa Consulta de Referência
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2002.5176Keywords:
Displasia broncopulmonar, Doença pulmonar crónica neonatal, Hipoxémia, CriançaAbstract
Introdução: Nos últimos 10 anos, a introdução do surfactante, a indução da maturação fetal e outras medidas destinadas a reduzir a incidência da displasia broncopulmonar (DBP) alteraram de forma significativa a sobrevivência do grande pré-termo e a forma clínica de apresentação de DBP, mas não influenciaram a sua incidência.
Objectivo: Descrever a variabilidade de apresentação clínica dos doentes com displasia broncopulmonar referenciados à consulta na última década e caracterizar a população.
População e métodos: Foram analisados os processos clínicos das 80 crianças referenciadas à consulta entre 1988-2000. A amostra foi dividida em dois grupos, de acordo com a data provável da utilização sistemática do surfactante: Grupo I — 1988 a 1993 (n=39) e Grupo II — 1994 a 2000 (n=41).
Resultados: Das 80 crianças, 50 (62,5%) eram do sexo masculino, 68 (85%) caucasianas. A idade gestacional (I.G.) média no Grupo I foi 28,8 semanas (± 2,87), a I.G. média no Grupo II foi 27,6 semanas (± 2,87), p=0,032. O peso ao nascer médio no Grupo I foi 1235,6 g (± 400,92) e no Grupo II foi 1059,2 g (± 420,66), p=0,030. Em relação à duração da ventilação e da oxigenioterapia não se verificaram diferenças significativas entre os dois grupos. Após a alta das Unidades Neonatais foram submetidos a terapêutica suplementar com oxigénio 36 crianças (15 no grupo I e 21 no grupo II). Faleceram 3 crianças (3,75%). Trinta e três crianças mantêm-se em seguimento na consulta.
Discussão: A DBP é actualmente improvável nos recém-nascidos pré-termo > 30 semanas e com peso > 1200 g e apresenta formas clínicas menos graves. A hipoxémia deve ser valorizada e tratada. Estas crianças, dependentes de tecnologia e cuidados respiratórios constituem um grupo de eleição para cuidados integrados continuados no domicilio.