Hospitalização em crianças com infecção por rotavírus
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2008.4572Abstract
Introdução: A infecção por rotavírus é a principal causa de diarreia aguda em todo o mundo. Nos países desenvolvidos não constitui uma causa importante de morte, mas cursa com uma alta morbilidade.
Objectivo: Caracterizar a infecção por rotavírus em crianças hospitalizadas em dois Departamentos de Pediatria de Lisboa.
Material e métodos: Revisão casuística dos internamentos com o diagnóstico de infecção por rotavírus, num hospital central especializado e num hospital geral na Zona Metro politana de Lisboa, entre Janeiro e Dezembro de 2005. O diagnóstico foi efectuado através da identificação de antigénios virais nas fezes por “enzyme immunoassay”.
Resultados: Foram analisados 92 casos; 82% ocorreram entre Dezembro e Março e 52,8% em crianças entre os três e os doze meses. Em metade dos casos registou-se bom nível socio-económico. Os factores de risco epidemiológicos encontrados foram: frequência de instituição de ensino ou ama em 21/38 (55%), contacto com pessoas com sintomatologia semelhante em 10/53 (19%) e irmãos com idade inferior a cinco anos em 25/76 (33%) das crianças. As infecções nosocomiais foram responsáveis por 26% dos casos estudados. A clínica cursou com: diarreia aquosa (96%), vómitos (87%) e febre (69%). Ocorreram complicações em 19/92 (21%) crianças e estas foram mais frequentes em lactentes com menos de seis meses de idade (35% vs. 16%, p=0,058). A mediana da duração de internamento foi cinco dias e o custo hospitalar directo variou entre 629,63 e 2342,38 euros.
Discussão: O número de internamentos por infecção por rotavírus, especialmente em lactentes, a frequência de infecções nosocomiais por este agente, as complicações inerentes e os elevados custos, reflectem a importância da infecção por este agente em países desenvolvidos como Portugal.