A utilidade da cintigrafia com DMSA e da ecografia renal na identificação de crianças com primeiro episódio de infecção urinária febril que beneficiam ou não da realização de cistografia miccional
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2013.3423Abstract
Introdução: Numa infecção do tracto urinário (ITU) febril inaugural, a ecografia renal (Eco), a cintigrafia com 99mTc-ácido dimercaptosuccínico (DMSA) e a cistouretrografia miccional seriada (CUMS) são habitualmente realizadas, em crianças pequenas, para identificar risco aumentado de recorrência e consequentes cicatrizes renais. A CUMS, exame invasivo envolvendo radiação, permite o diagnóstico definitivo de refluxo vesicoureteral (RVU).
Objectivos: Determinar se a DMSA ou a DMSA e a Eco (abordagem combinada), na fase aguda da primeira ITU febril em crianças com idade igual ou inferior a 36 meses, podem ser utilizadas para seleccionar crianças que beneficiam ou não da realização de CUMS para o diagnóstico definitivo de RVU, limitando a realização deste exame.
Material e Métodos: Estudo prospectivo das crianças com ITU febril inaugural internadas ou seguidas em ambulatório. Realizaram-se Eco e DMSA na fase aguda e CUMS posteriormente. Calcularam-se, para DMSA vs DMSA e Eco, a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) para RVU e RVU alto grau (grau III ou superior). Considerou-se alterada a abordagem combinada se se verificou alteração de qualquer um dos exames.
Resultados: Incluíram-se 68 crianças (mediana de idades 7,5 meses). A DMSA estava alterada em 40 (59%), a Eco em 13 (19%). Quinze (22%) apresentaram RVU (12 RVU>=III) na CUMS. A sensibilidade, especificidade, VPP e VPN para DMSA foi 40%, 36%, 15%, 68% para RVU e 50%, 39%, 15% e 79% para RVU>=III; para a abordagem combinada, 60%, 33%, 21%, 74% para RVU e 67%, 35%, 19% e 83% para RVU>=III.
Discussão: A abordagem combinada tem maior sensibilidade, VPP e VPN para o diagnóstico de RVU (principalmente RVU>=III) do que a DMSA isolada, o que coincide com estudos prévios. Os valores encontrados são, na maioria, inferiores aos publicados e não permitem afirmar que qualquer uma destas abordagens pode, isoladamente, ser utilizada na fase aguda de ITU febril inaugural para seleccionar crianças que beneficiam ou não da realização de CUMS.