Enterocolite necrosante: experiência de catorze anos
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2012.2348Abstract
Introdução: A enterocolite necrosante (ECN) é uma das principais emergências gastrointestinais do recém-nascido (RN). É objectivo avaliar a incidência, epidemiologia, factores de risco e prognóstico dos RN admitidos na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) de uma maternidade de apoio perinatal diferenciado.
Objectivos: Conhecer e decrever os casos de ECN de uma maternidade de apoio perinatal dferenciado Nível III, durante um período de 14 anos (Janeiro 1995 a Dezembro 2008).
Material e métodos: Análise dos processos clínicos dos RN com o diagnóstico de ECN, internados de Janeiro de 1995 a Dezembro de 2008.
Resultados: A incidência da ECN foi de 0,8 por 1000 nados vivos, correspondendo a 4% dos RN com muito baixo peso (RNMBP) e 9,5% dos RN com extremo baixo peso (RNEBP),
verificando-se em 1% (39/3857) das admissões na UCIN. A média do peso de nascimento e da IG eram de 1136±725g e 27,9±3,5 semanas. Eram leves para idade gestacional 20,5% (8/39) e 36% (14/39) foram tratados com indometacina. Iniciaram alimentação enteral previamente ao diagnóstico 95% (37/39) e aleitamento materno 59% (23/39). A ECN de grau III foi diagnosticada em 24/39 (61,5%) dos casos e ocorreu em 14/21 (67%) dos que fizeram progressão da alimentação enteral <20ml/kg/dia e em (5/6) 83% dos que fizeram progressão rápida (p=0,43). Necessitaram de tratamento cirúrgico 19/39 (49%). A letalidade foi de 31% (12/39), e de 50% (9/18) nas ECN de grau IIIB. A estenose intestinal e a síndrome do intestino curto surgiram em 2 casos, respectivamente.
Conclusões: A incidência de ECN dos RN foi de 0,8‰ nados vivos e 4% dos RNMBP. Não é possível concluir sobre a velocidade de progressão do leite na diferença de gravidade da ECN.