Pediatria do Neurodesenvolvimento. Levantamento nacional de recursos e necessidades

Authors

  • Guiomar Oliveira Unidade de Neurodesenvolvimento e Autismo, Centro de Desenvolvimento Luís Borges, Hospital Pediátrico Carmona Mota, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Centro de Investigação e Formação Clínica, Hospital Pediátrico Carmona Mota, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
  • Frederico Duque Unidade de Neurodesenvolvimento e Autismo, Centro de Desenvolvimento Luís Borges, Hospital Pediátrico Carmona Mota, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
  • Cristina Duarte Unidade de Reabilitação Pediátrica, Centro de Desenvolvimento da Criança Torrado da Silva, Hospital Garcia de Orta, Almada
  • Fernanda Melo Hospital da Luz, Lisboa
  • Luisa Teles Unidade de Neurodesenvolvimento e Comportamento, Hospital da Luz, Lisboa
  • Mafalda Brito Hospital dos Lusíadas, Lisboa
  • Maria Carmo Vale Hospital de Dona Estefânia, Centro Hospitalar Lisboa Central
  • Maria Júlia Guimarães Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
  • Rosa Gouveia Centro de Desenvolvimento Infantil LógicaMentes, Lisboa

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.2012.630

Abstract

As perturbações do neurodesenvolvimento são das patologias crónicas mais frequentes da infância e com tendência a aumentar nas sociedades modernas. Têm na grande maioria dos casos um percurso crónico e com limitação da aprendizagem necessária para a integração na sociedade de um modo autónomo.

A Sociedade de Pediatria do Neurodesenvolvimento da Sociedade Portuguesa de Pediatria procedeu em 2008 e 2009 ao levantamento de recursos, movimento e necessidades na área assistencial do neurodesenvolvimento no universo de 49 hospitais portugueses com Pediatria, referente a 31 de Dezembro de 2007.

Responderam 42 (85.7%) hospitais. O número total de consultas de desenvolvimento representou 10.7% das de Pediatria, e foi--lhe imputada uma mediana de tempo de 20 horas por semana. Dedicavam-se ao desenvolvimento 82 pediatras, mas mais de dois terços só o fazia a tempo parcial. Outros profissionais (fisiatras, psicólogos, terapeutas da fala, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, docentes e técnicos de Serviço Social) faziam parte das equipas do desenvolvimento, mas em menor número que os pediatras, e de igual modo só raramente a tempo completo.

Aguardava por consulta de desenvolvimento uma mediana de 185 crianças, e o tempo de espera variou entre um e 18 meses (mediana de seis). No seu conjunto os hospitais a curto prazo recrutariam 34

Pediatras para se dedicarem à área do neurodesenvolvimento, metade em regime de tempo completo. Dos outros profissionais requisitados [psicólogos (21), terapeutas da fala (20), docentes (20), terapeutas ocupacionais (14), fisioterapeutas (8) e técnicos do Serviço Social (6)], solicitavam-nos a tempo inteiro.

Concluí-se que o movimento assistencial específico desta área no contexto global da Pediatria representa já um número significativo de consultas. Ainda assim, a resposta na área do neurodesenvolvimento

revelou-se insuficiente e as equipas não funcionavam na generalidade em trabalho multidisciplinar. Contudo, os pedidos solicitados de recursos humanos médicos e nãomédicos e a preferência de que a dedicação ao neurodesenvolvimento fosse a tempo completo reflecte uma evolução positiva a curto prazo, caso estes recrutamentos se venham a concretizar.

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