Estudo clínico-epidemiológico da infeção por Bordetella pertussis num hospital português nível III
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2014.3211Abstract
Introdução: A incidência da tosse convulsa tem aumentado nos últimos anos sobretudo nos países desenvolvidos, apesar da elevada cobertura vacinal. Os pequenos lactentes são o grupo mais suscetível de complicações.
Objetivos: Caracterizar os casos pediátricos de tosse convulsa confirmada laboratorialmente. Determinar fatores clínicos e analíticos preditivos de complicações.
Métodos: Estudo retrospetivo observacional por análise dos processos clínicos dos doentes pediátricos internados num hospital português nívelIII com o diagnóstico de tosse convulsa confirmada laboratorialmente de janeirode 2005 asetembro de 2012.
Resultados: Identificaram-se 47 casos de infeção por Bordetella pertussis, com dois picos de incidência: em 2008 (25,5%) e em 2012 (29,8%). A mediana da idade foi dois meses, sendo que 76,6% dos casos apresentava idade inferior a três meses. Oito(17%) doentes tinham recebido previamente três ou mais doses de vacina pertussis acelular. Identificou-se a fonte provável de infeção em 42,6% dos casos (pais em 80%). Verificaram-se complicações em 38,3% dos casos, a maioria associada a patologia respiratória. A leucocitose e a linfocitose revelaram-se preditores de tosse convulsa complicada. A reação leucemóide associou-se a elevada morbilidade e mortalidade (um óbito e um caso com sequelas de encefalopatia).
Discussão: Neste estudo verificou-se um aumento da incidência da tosse convulsa nos últimos anos, o que questiona a necessidade de adotar estratégias vacinais com o objetivo de diminuir a transmissão da doença. A leucocitose e a linfocitose revelaram-se fatores preditores de complicações. A reação leucemóide cursou com elevada morbi-mortalidade.
Palavras-chave: tosse convulsa, pediatria, complicações, leucocitose,linfocitose