Preditores clínico-analíticos da doença de Kawasaki refratária à Imunoglobulina endovenosa
Date of submission: 29-04-2017 | Date of acceptance: 16-11-2017 | Published: 20-04-2018
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2018.11958Abstract
Introdução: A doença de Kawasaki refratária à imunoglobulina endovenosa ocorre em 10% a 20% dos casos, condicionando maior risco de anomalias das artérias coronárias. O objetivo deste estudo foi determinar fatores preditivos de doença de Kawasaki refratária à imunoglobulina endovenosa.
Métodos: Estudo retrospetivo analítico dos doentes com doença de Kawasaki que realizaram imunoglobulina endovenosa num hospital do norte de Portugal, entre 2006-2016. Os doentes foram divididos em dois grupos consoante a resposta à imunoglobulina endovenosa, refratária e não refratária.
Resultados: Foram incluídos 23 doentes, 73,9% sexo masculino, mediana da idade 19 meses, dos quais seis (26,1%) foram considerados refratários. Os grupos não diferiram quanto ao género e manifestações clínicas. Identificaram-se diferenças significativas quanto à idade > 4 anos (66,7% vs 17,6%; p < 0,04), duração da febre à data de diagnóstico e administração imunoglobulina endovenosa (5 vs 9 dias; p < 0,01), linfócitos na admissão (1400 vs 4400 células/μL, p = 0,01), plaquetas na admissão (255 000 vs 432 000 células/μL, p < 0,01), mínimo de hemoglobina (7,3 vs 9,9 g/dL, p < 0,01) e mínimo de albumina (2,4 vs 3,4g/dL, p = 0,01). Ocorreram alterações ecocardiográficas em 34,8% (anomalias das artérias coronárias em 8,7%). Embora sem atingir a significância estatística, uma proporção superior de doentes na doença de Kawasaki refratária apresentou ecocardiograma alterado na fase aguda (66,7% vs 25,0%).
Discussão: Os fatores preditivos de doença de Kawasaki refratária identificados foram sobreponíveis aos descritos na literatura, excetuando a idade e os linfócitos na admissão. A diversidade de fatores preditivos nos estudos publicados em diferentes grupos étnicos, salientam a necessidade de um estudo multicêntrico português para a validação destes fatores na nossa população, que poderão condicionar a abordagem terapêutica inicial.