Meningites em idade pediátrica – realidade de um hospital português
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2012.2351Abstract
Objectivo: Descrever os doentes internados por meningite após o período neonatal.
Material e métodos: Estudo retrospectivo, através da consulta dos processos clínicos dos doentes internados por meningite num hospital nível II do Norte de Portugal entre Janeiro de 2002 e Julho 2010.
Resultados: A amostra incluiu 89 doentes, 75% do sexo masculino, com mediana de idades de 3 anos (1 mês-14 anos). Ocorreram onze casos (12%) de meningites bacterianas, 29 (33%) víricas, 11 (12%) parcialmente tratadas e 38 (43%) assépticas. Os agentes isolados nas meningites bacterianas foram: S.pneumoniae (5), N.meningitidis (4), H.influenzae (1) e S.agalactiae (1). Nas meningites víricas, 28 casos corresponderam a infecção por enterovírus e um por vírus varicela-zoster. Comparativamente com o grupo de doentes com meningite vírica, os doentes com meningite bacteriana apresentaram maior probabilidade de se encontrarem prostrados, hemodinamicamente instáveis e com fenómenos convulsivos. Também se observou diferença estatisticamente significativa no valor da proteína C reactiva e na contagem celular no líquido cefalo-raquidiano. Quatro (36%) doentes com meningite bacteriana apresentaram sequelas (três epilepsia e atraso do desenvolvimento psicomotor e um surdez), sendo que em todos estes casos a etiologia foi pneumocócica e nenhuma destas crianças estava vacinada. Não ocorreu nenhum óbito.
Comentários: Tendo esta revisão sido feita num período em que estavam disponíveis três vacinas conjugadas (anti-pneumococo 7V, anti-hib e anti-meningococo C), ainda se verificaram 12% de casos de meningites bacterianas, dos quais 36% (4/11) tiveram sequelas graves. Impõe-se, portanto, a inclusão no plano nacional da vacina conjugada anti-pneumocócica.