Acidente Vascular Cerebral Isquémico Neonatal no Registo Nacional da Unidade de Vigilância Pediátrica: Como Estão Estas Crianças Seis Anos Depois?
Date of submission: 27-02-2017 | Date of acceptance: 04-07-2017 | Published: 20-04-2018
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2018.11663Abstract
Introdução: Pretendeu-se avaliar uma coorte de recém-nascidos com acidente vascular cerebral isquémico neonatal sintomático, incluindo o seguimento até aos 5-7 anos.
Métodos: Estudo de coorte prospetivo e descritivo, baseado em dados retirados do registo nacional de acidente vascular cerebral neonatal, entre 2009-2011. Foram incluídos os casos de acidente vascular cerebral isquémico neonatal sintomático confirmados por ressonância magnética crânio-encefálica.
Resultados: Analisaram-se 21 recém-nascidos, 12 do sexo masculino, mediana da idade gestacional 39 semanas e do peso ao nascer 3389 g. Apresentaram antecedentes obstétricos ou perinatais significativos 18 recém-nascidos, salientando-se reanimação neonatal (n = 9), encefalopatia hipóxico-isquémica (n = 2), parto traumático (n = 1), sépsis precoce (n = 2), cardiopatia congénita (n = 4) e potenciais fatores de risco protrombóticos (n = 8). Todos apresentaram convulsões entre as 6-72 horas de vida (focais em 18), associando-se hipotonia (n = 11), apneia (n = 5) e dificuldade alimentar (n = 4). O diagnóstico foi confirmado por ressonância magnética crânio-encefálica, sendo realizada angiografia por ressonância magnética em três recém-nascidos. O hemisfério esquerdo foi o mais afetado (n = 13). Foi possível obter dados de seguimento aos 2-3 anos em 18 crianças: 10 tinham défice motor, quatro atraso global de desenvolvimento, duas epilepsia e oito sem sequelas. Dos 11 casos com seguimento mais longo (5-7 anos), sete apresentaram défice motor, três atraso global do desenvolvimento e perturbações da linguagem, uma epilepsia e quatro sem sequelas.
Discussão: O seguimento longitudinal das crianças com acidente vascular cerebral neonatal é fundamental, uma vez que as sequelas se tornam evidentes a médio / longo prazo. Apesar da existência de fatores de risco significativos nos recém-nascidos com acidente vascular cerebral, a determinação de fatores agudos preditivos da evolução é ainda difícil.