Resistência Primária aos Antirretrovirais na Criança (2000-2013)
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2015.6434Keywords:
VIH, criança, antirretrovirais, resistência a antivirais, resistência primária, prevenção de transmissão verticalAbstract
Introdução: A transmissão à criança de estirpes resistentes de vírus da imunodeficiência humana (VIH) tem sido documentada e é uma condicionante à eficácia da terapêutica antirretroviral combinada (TARc). Pretendeu-se descrever as resistências primárias em crianças com infeção VIH adquirida por transmissão mãe-filho (TMF) ou por outra via.
Métodos: Estudo de coorte retrospetivo das crianças com diagnóstico de infeção VIH entre 2000 e 2013, com estudo genotípico de resistências a antirretrovirais (ER_ARV) prévio ao início de TARc.
Resultados: Foram avaliadas 33 crianças com diagnóstico de infeção entre o nascimento e os 15 anos, 54,5% do sexo feminino, 32 VIH-1, uma VIH-2; 20 originárias de Portugal e 13 de Países Africanos de Língua Portuguesa. A TMF ocorreu em 27 (81,8%) casos. Não houve acesso ao perfil de resistências maternas. Identificaram-se resistências primárias em 5/32 (15,2%) casos; 4/27 (14,8%) no grupo TMF e 3/13 (23,1%) no subgrupo submetido a profilaxia de TMF.
A idade mediana à data do ER-ARV foi 2,4 meses no grupo TMF com resistência identificada e 17,1 meses no grupo TMF sem resistência identificada.
A resistência primária a lamivudina (M184V) ocorreu em 2/6 casos expostos a profilaxia com o fármaco; não se registando resistências primárias a zidovudina (0/9) ou nevirapina (0/2) nas crianças expostas aos mesmos profilaticamente.
Conclusões: Na nossa coorte encontrámos uma prevalência significativa de resistências primárias, confirmando a importância do ER-ARV nas mães e nas crianças com infeção VIH, tão precocemente quanto possível. É tranquilizadora a inexistência de resistências a zidovudina – ARV preferencial na profilaxia de TMF.