Anemia Hemolítica de Donath-Landsteiner
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.1999.5429Keywords:
Anemia hemolítica, criança, anticorpo Donath-Landsteiner, hemolisinas bifásicasAbstract
A Anemia Hemolítica de Donath-Landsteiner (DLHA) é responsável por, pelo menos, 30% das Anemias Hemolíticas Auto-Imunes, na criança com idade inferior a cinco anos.
Contudo, não é um diagnóstico habitual na nossa prática clínica. Contribui, para tal, em parte, o facto de ser necessário evocar esse diagnóstico, ao estudar uma anemia hemolítica, uma vez que os testes laboratoriais, usados para a confirmação desta entidade, não se fazem por rotina.
Os autores apresentam o caso clínico de uma criança do sexo masculino, de 4,5 anos de idade, que, quatro dias após um síndrome virusal, iniciou palidez moderada, icterícia ligeira e urina escura. Ao exame objectivo, encontrava-se apirético, com sopro sistólico grau II/VI e com baço palpável 1 cm abaixo da grade costal esquerda.
Analiticamente, apresentava anemia hemolítica, com valor mais baixo encontrado de hemoglobina de 6.0 g/dl, reticulócitos — 13% (valor corrigido — 5.2%), Bilirrubina Total — 3.4 mg/dl, Bilirrubina Directa — 0.21 mg/dl, Desidrogenase láctica — 2696 U/L, e, hemoglobinúria; o teste de antiglobulina directa foi positivo para C3d. Foi efectuado, dada a situação clínica, Teste de Donath-Landsteiner e foi encontrado anticorpo da classe IgG, com comportamento bifásico e especificidade para o antigénio do sistema P.
Não foram instituídas outras medidas terapêuticas, para além de repouso e cuidados gerais.
Teve alta, para a Consulta Externa, ao 8.° dia, com o diagnóstico de DLHA.
Os autores consideram da maior importância o correcto diagnóstico das anemias hemolíticas na criança, com vista à exclusão da DLHA, uma vez que poderá evitar o uso desnecessário de corticoterapia, nesta patologia autolimitada e com excelente prognóstico.