Anemia Neonatal Grave por Hemorragia Feto-Materna. Caso Clínico
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2001.5312Keywords:
Hemorragia Feto-Materna, Transfusão feto- -materna, anemia neonatal, teste de Kleihauer-BetkeAbstract
Na gravidez, a hemorragia feto-materna grave ocorre em cerca de um por 1000 partos, e um em cada 2000 está associado a uma transfusão feto-materna de 100 ml ou mais. O mecanismo da passagem de células fetais para a circulação materna não está totalmente esclarecido. O risco aumenta nos casos de pré-eclâmpsia, eclâmpsia, partos instrumentais, cesarianas e traumatismo abdominal. A quantificação aproximada do volume de sangue transferido do feto para a mãe poderá ser feita considerando o facto de que cerca de 1% de eritrócitos fetais na circulação materna corresponde a uma hemorragia fetal aproximada de 50 ml.
Os autores apresentam o caso clínico de um recém-nascido de termo, do sexo feminino, nascido por parto de cesariana com palidez acentuada, hipotensão e necessidade de reanimação activa. Após a correcção da anemia (Hemoglobina - 2.6 gr/dl) com concentrado de glóbulos rubros e ventilação de curta duração verificou-se recuperação gradual. Ocorreram convulsões nas primeiras 24 horas de vida verificando-se ainda sofrimento multiorgânico. O teste de Kleihauer-Betke revelou 8% de eritrócitos fetais no sangue materno, tratando-se de anemia neonatal grave por hemorragia feto-materna.
Conclui-se que o teste de Kleihauer-Betke deve ser pedido em todos os casos de anemia neonatal de causa inexplicada ou naqueles com elevado grau de suspeição de hemorragia feto-materna.