Transplantação Renal Pediátrica - Experiência de 8 Anos - Unidade de Nefrologia do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2004.4972Abstract
A Unidade de Nefrologia do Serviço de Pediatria do Hospital de Santa Maria, diferenciada desde 1975, iniciou o seu programa de transplantação renal pediátrica em Setembro de 1995, Propomo-nos analisar a actividade desenvolvida em termos de movimento» resultados, evolução e complicações, e ponderar alguns aspectos relevantes de um programa nacional de transplantação renal pediátrico, com o objectivo de optimizar o acesso dos doentes a esta modalidade de tratamento da insuficiência renal terminal, que consideramos a mais adequada ao doente de idade pediátrica.
Durante os 8,5 anos a que se refere este estudo foram avaliados no sector 30 doentes, dos quais 27 foram submetidos a transplantação renal no HSM, I no Hôpital Necker, e 2 no Hospital da Universidade de Coimbra. O número de transplantações por ano foi em média de 2 até 1999 e de 5 a partir de 2000.
Todos os doentes foram submetidos a diálise crónica antes da transplantação, 54% (16) efectuaram diálise peritoneal, 33% (10) hemodiálise e 13 % (4) efectuaram as duas técnicas. A média do tempo em diálise foi 19,96 ± 16,56 meses.
As uropatias foram a causa de IR em 50% (15) dos doentes e as glomerulopatias cm apenas 17% (5) {Quadro I).
A média de idades na data da transplantação foi de 13,03 ± 3,91 anos e a media de idades dos dadores foi de 17,69 ± 6,67 anos. Apenas 20% (6) das crianças tinham idade igual ou inferior a 10 anos. A distribuição por sexos mostrou que 60% (18) dos doentes são do sexo masculino.
Quanto ao grau de urgência na lista de acesso a transplantação verificámos que 93% (28) crianças estavam em U2 (menos urgente), 7% (2) estavam em U1 (urgência intermédia) não se tendo efectuado nenhuma transplantação em MU (muito urgente).
A transplantação a partir de dador vivo efectuou-se apenas em 3% (I) dos casos, as restantes 97% (29) foram efectuadas com rim de cadáver.
A terapêutica imunossupressora de indução foi efectuada, a partir de Maio de 2000, com anticorpos anti receptores da interleucina II (baziliximab) e metilprednisolona, tendo efectuado este esquema 60% (18) dos doentes. Os restantes 40% (12) efectuaram terapêutica de indução com anticorpos antilinfocitários e metilprednisolona. A terapêutica de manutenção inicial foi tripla em todos os doentes, 87% (26) dos doentes efectuaram prednisona associada a ciclosporina e a micofenolato de mofetil e 13% (4) prednisona associada a ciclosporina e a azatioprina. Em 23% (7) dos casos verificou-se alteração posterior da imunossupressao, em 10% (3) substituiu-se a azatioprina por micofenolato de mofetil e em 13% (4) substituiu-se a ciclosporina por tacrolimus.
Verificou-se função imediata dos enxertos em 93% (28) dos doentes, 7% (2) apresentaram necrose tubular aguda com necessidade de diálise transitória.
Surgiram episódios de rejeição aguda em 40% (12). Infecções bacterianas foram diagnosticadas em 53% (16) dos doentes, sendo a pielonefritc aguda a infecção mais frequente.
Em 40% (12) dos doentes detectou-se infecção a citomegalovirus, mas apenas num caso a doença foi invasiva.
Cerca de 43% (13) dos doentes tem hipertensão arterial, destes 62% (8) já tinham hipertensão antes da transplantação renal.
Verificaram-se complicações cirúrgicas em 27%(8) dos doentes e registou-se um caso de doença linfoproliferativa após transplantação. A sobrevida dos doentes foi de 97% aos 8 anos e a sobrevida dos enxertos foi de 93% aos 6 anos.
Palavras-chave: Transplantação renal pediátrica.