Análise da referenciação ao Serviço de Urgência Pediátrico
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2006.4779Abstract
Contexto. Nos Serviços de Urgência Pediátricos, os doentes referenciados por outros profissionais de saúde representam uma proporção importante dos atendimentos diários. Actuação coordenada entre os cuidados de saúde primários e secundários permitiria uma melhor assistência à população e racionalização dos recursos de saúde.
Objectivos. Identificar os motivos e a adequação da referenciação de crianças ao Serviço de Urgência, quais as atitudes em meio hospitalar após a sua observação clínica.
Metodologia. Estudo descritivo transversal, com componente analítico, das crianças referenciadas à Urgência de Pediatria, nos dias úteis das 08:00 às 24:00, no período de Fevereiro a Julho de 2003. A referenciação foi considerada adequada caso se verificasse algum dos seguintes critérios: necessidade de realização de exames, necessidade de observação por outra especialidade, terapêutica no Serviço de Urgência ou necessidade de internamento.
Resultados. A amostra obtida foi de 132 crianças, das quais 25% foram referenciadas por falta de capacidade de atendimento no Centro de Saúde. Areferenciação pelos Centros de Saúde (65%) ocorreu principalmente no período das 12:00 às 20:00 (60%). O principal motivo de envio foi a sintomatologia respiratória (28,3%). No Serviço de Urgência, em 58,6% dos doentes foram realizados exames complementares de diagnóstico e foi necessária a observação por outra especialidade em 18,2% dos casos. Em 53,5% das crianças o diagnóstico definitivo foi infecção respiratória. A maioria (53%) necessitou de terapêutica no Serviço de Urgência e a necessidade de internamento verificou-se em 15% dos casos. A referenciação foi considerada adequada em 82% da amostra.
Conclusões. É fundamental o reforço de médicos nos Centros de Saúde, nomeadamente a existência do Pediatra Comunitário, a realização de alguns exames complementares, bem como alguns tipos de terapêutica. A melhoria da ligação comunidade/serviços de saúde e a adequação do recurso às urgências hospitalares reduziria o número de crianças observadas no Serviço de Urgência Pediátrico.