Abcessos faríngeos

Authors

  • Manuela Ferreira
  • Maria João Brito
  • Maria do Céu Machado

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.2008.4556

Abstract

Introdução: Os abcessos faríngeos, raros na criança, podem cursar com complicações graves.

Objectivo: Caracterizar os casos de abcesso faríngeo na população infantil internados num Hospital Geral na Zona Metro politana de Lisboa.

Métodos: Revisão casuística dos casos internados durante 8,5 anos (Junho de 1996 a Dezembro de 2005). Analisaram-se parâmetros sócio-demográficos, antecedentes, clínica, exames complementares, terapêutica e evolução.

Resultados: Registaram-se 62 casos, com uma mediana de idade de 6 anos. Em 56% havia antecedentes de infecção respiratória alta e 34% tinham realizado antibioticoterapia prévia. O tipo de abcesso mais frequente foi o periamigdalino (65%), seguido do retrofaríngeo (19%) e parafaríngeo (16%). A clínica variou com o tipo de abcesso: periamigdalino – adenopatias cervicais (33%), trismus e sialorreia (23%); retrofaríngeos – cervicalgia e limitação à mobilização do pescoço (58%); e parafaríngeos – disfagia (cerca de 50%). Ocorreu tumefacção cervical em 67% dos abcessos retrofaríngeos e 60% dos parafaríngeos. O agente mais frequentemente isolado foi o Streptococcus do Grupo A (7), com susceptibilidade diminuída à eritromicina em 38% (3/8) e resistência ao cotrimoxazol em 100%. Foram medicados com penicilina e clindamicina 81% dos casos e em 40% realizou-se drenagem cirúrgica. Houve complicações em sete casos (11%): obstrução da via aérea (3), trombose venosa (1) e choque anafilático (2). Uma criança faleceu de anafilaxia. Entre os 46 casos acompanhados em consulta (74%), ocorreu recorrência num caso e em 18% realizou-se amigdalectomia.

Conclusão: A clínica dos abcessos faríngeos raramente é patognomónica. No diagnóstico, é importante um elevado grau de suspeição.

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