Abordagem do traumatismo craniano ligeiro na idade pediátrica: neuro imagem ou atitude conservadora?
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2009.4504Abstract
Introdução: A abordagem dos traumatismos crânio encefálicos (TCE) exige avaliação do risco de lesão intra craniana (LIC). Não são consensuais as indicações para tomografia computorizada crânio encefálica (TC-CE).
Objectivo: Rever a incidência de LIC no TCE ligeiro, identificar variáveis clínicas associadas e avaliar a efectividade de uma abordagem conservadora no pedido de TC-CE.
Métodos: Estudo prospectivo histórico incluindo os doentes observados na urgência pediátrica por TCE e transferidos para realização de TC-CE, ao longo de um ano (n=104). Caracterização de dados demográficos, clínicos, orientação diagnóstica e evolução. Análise estatística (testes não paramétricos) de associação de variáveis clínicas com LIC (α=5%). Comparação da abordagem aplicando dois protocolos internacionais de actuação no TCE minor.
Resultados: A incidência de LIC nos casos com avaliação neuro imagiológica foi de 3,5%. Segundo os protocolos utilizados para comparação, 91% (idade <2 anos) e 94% (idade ≥2 anos) das crianças transferidas apresentavam risco intermédio ou alto para LIC.A ocorrência de LIC associou-se significativamente a idade ≤12 meses e a TCE parietal (p<0,05 para ambos), sendo que o achado de fractura na radiografia apresentou um baixo valor predi tivo positivo de 14,3% na presunção de LIC. Uma actuação conservadora adaptada dos protocolos referidos resultaria na realização de menos 54% das tomografias computorizadas crânio encefálicas, com identificação de todos os casos de LIC.
Conclusões: As avaliações clínica e da radiografia de crânio têm baixa sensibilidade na presunção de LIC. É essencial a valorização da idade e características do traumatismo. A reobservação clínica seriada é fundamental na limitação do pedido de avaliação neuro imagiológica.