Persistência do Canal Arterial - Uma Nova Abordagem com um Velho Fármaco
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2015.4461Abstract
Introdução: Relatos recentes sugerem a administração de paracetamol para o encerramento do canal arterial. Pretende-se avaliar a eficácia e a segurança do paracetamol endovenoso no encerramento do canal arterial em recém-nascidos com idade pós-menstrual <32 semanas com contraindicação para administração de ibuprofeno.
Métodos: Descrevemos uma série de cinco doentes com diagnóstico ecográfico de persistência do canal arterial internados numa unidade de cuidados intensivos neonatais de um hospital universitário de nível II, aos quais foi administrado paracetamol endovenoso com monitorização ecográfica e dos níveis de paracetamol e das enzimas hepáticas.
Resultados: No início da terapêutica a mediana para a idade pós-menstrual foi de 263/7 semanas (mínimo-máximo: 262/7-305/7) e para o peso de 750g (533-1075). Um dos doentes não apresentava critérios ecográficos de persistência de canal arterial hemodinamicamente significativo, e três não apresentavam sintomas compatíveis. As doses variaram entre 45 e 60mg/Kg/dia, com uma mediana de 9 tomas (6-17). A evolução ecográfica foi favorável em 80% dos doentes e houve noção de melhoria clínica em todos os doentes sintomáticos, tendo-se considerado que o tratamento foi eficaz em 60%. Os níveis séricos de paracetamol foram normais, não se tendo observado efeitos adversos precoces.
Conclusões: A eficácia do paracetamol para o encerramento do canal arterial nesta série foi substancialmente inferior à previamente descrita. A evidência atual sobre a sua utilização como fármaco de primeira linha permanece questionável mas o seu perfil de segurança torna-o uma alternativa interessante como fármaco de recurso.
Palavras-chave: canal arterial; paracetamol; pré-termo