Resistência do Streptococcus pyogenes aos macrólidos e à penicilina, na nossa população pediátrica
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2014.2626Abstract
Introdução:
As amigdalites são infecções bacterianas muito comuns na infância, sendo o Streptococcus pyogenes o principal agente envolvido. A penicilina é a primeira escolha no tratamento deste tipo de infecções, contudo os macrólidos podem ser uma alternativa, sendo que estudos recentes mostraram uma diminuição da resistência a estes fármacos. Dado que a escolha do antibiótico é feita maioritariamente de forma empírica, o seu consumo e o aparecimento de resistências devem ser monitorizados regularmente. O objectivo dos autores do estudo foi estudar a resistência do Streptococcus pyogenes aos macrólidos e à penicilina.
Material e métodos:
Estudo observacional que incluiu as crianças observadas no SU do Hospital de Évora diagnosticadas com amigdalites, entre Fevereiro/2010 e Janeiro/2011. Foi colhido exsudado faríngeo para teste rápido e exame cultural. Foi aplicado um questionário sobre dados demográficos e epidemiológicos.
Resultados:
Foram incluídas 640 crianças, 120 das quais tiveram exame cultural positivo para Streptococcus pyogenes. A resistência à penicilina, eritromicina, claritromicina e azitromicina foi, respectivamente, 0%, 0%, 1% e 12.5%. O teste rápido teve 92% de sensibilidade e 82% de especificidade. A correlação entre exame cultural positivo e antibioticoterapia prévia foi estatisticamente significativa (p=0.022). A idade média das crianças com exame cultural positivo foi de 6.8 anos vs. 5.74 anos nas com resultado negativo (p<0.001). Verificou-se uma correlação estatisticamente significativa entre o sexo e a resistência à azitromicina (p =0.039), tendo sido maior nos rapazes. Não encontrámos correlação entre a resistência antibiótica e o número de antibióticos realizados previamente.
Conclusões:
Os resultados confirmam uma sensibilidade de 100% para a penicilina, justificando o seu uso como primeira linha de tratamento. A resistência aos macrólidos encontrada é consistente com os estudos recentes, pelo que importa perceber se esta realidade se mantém a médio-longo prazo e quando devemos utilizar estes fármacos.