No Limiar Da Viabilidade: Casuística de Dez Anos Num Hospital de Apoio Perinatal Diferenciado
Date of submission: 28-05-2017 | Date of acceptance: 09-11-2017 | Published: 20-04-2018
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2018.12086Abstract
Introdução: Nas últimas décadas, os avanços na tecnologia, cuidados obstétricos e neonatais têm possibilitado a sobrevivência de recém-nascidos pré-termo com idades gestacionais cada vez menores. Aumentar a sobrevivência, sem aumentar a morbilidade e sequelas, é dos maiores desafios da medicina perinatal. Este trabalho pretendeu analisar a morbilidade e mortalidade nos nados-vivos nascidos entre as 23 e 25 semanas e seis dias de idade gestacional e determinar o limiar de viabilidade, num hospital de apoio perinatal diferenciado.
Métodos: Estudo retrospetivo abrangendo o período de 1 de junho de 2006 e 31 de maio de 2016. Avaliaram-se dados demográficos, morbilidade, mortalidade e evolução, incluindo fatores de morbilidade major e sequelas graves do neurodesenvolvimento aos 24-30 meses.
Resultados: Estudaram-se 28 recém-nascidos, seis com 23 semanas, 12 com 24 semanas e 10 com 25 semanas, com mediana de peso ao nascer de 631,5 g. A mortalidade global foi 68% e o limiar de viabilidade foi as 25 semanas. Constatou-se que a idade gestacional e o peso ao nascimento foram os únicos fatores associados a morte. Todos os recém-nascidos com peso superior 800 g sobreviveram e todos eles tinham 25 semanas de idade gestacional. Não se encontrou associação estatisticamente significativa entre as variáveis avaliadas e o desenvolvimento de sequelas graves. Todos os sobreviventes com 24 semanas apresentaram um ou mais fatores adicionais de morbilidade major e 67% apresentaram sequelas graves; com 25 semanas, 50% não apresentaram fatores adicionais de morbilidade major nem sequelas graves.
Discussão: A morbilidade e mortalidade foram elevadas e o limiar de viabilidade foi as 25 semanas de idade gestacional.