Granulações de Pacchioni: Caso Clínico
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2013.1193Abstract
Lactente de nove meses, sexo masculino, previamente saudável, observado por depressão craniana. Era negado traumatismo, infeção ou outros sinais ou sintomas. Ao exame objetivo palpava-se uma depressão na região occipital, com quinze milímetros de maior diâmetro, bordos regulares e indolor à palpação. Sem evidência de maus tratos. A radiografia do crânio mostrou uma imagem lítica de bordo esclerótico com 20 milímetros de maior diâmetro (Figura 1). Na tomografia computorizada cerebral observou-se roeminência de granulações aracnoides causando indentações na escama occipital, associadas a soluções de continuidade óssea de contornos regulares, designadas granulações de Pacchioni (Figura 2).
O líquido cefaloraquídeo (LCR) é reabsorvido pelas vilosidades da aracnóide que permitem o seu fluxo do espaço subaracnoideu para os seios venosos da dura-máter1-4. Habitualmente de dimensões milimétricas, podem crescer e expandir-se, causando indentações na calote craniana, mimetizando lesões osteolíticas4. As granulações de Pacchioni, mais frequentes nos adultos e assintomáticas, raramente foram descritas em crianças e associadas a sintomas inespecíficos como cefaleias e acufenos2. Excecionalmente causam sintomas de hipertensão intracraniana, por hipertensão venosa secundária a oclusão parcial dos seios durais, obrigando ao diagnóstico diferencial com trombose dos seios venosos1,4. A aparência osteolítica implica o diagnóstico diferencial com cistos dermóide/epidermóide, encondroma, displasia fibrosa, hemangioma e granuloma eosinofílico5.