Colestase Neonatal: Contribuição da Clínica e dos Exames Complementares para o Diagnóstico Diferencial (Dez Anos de Experiência)

Authors

  • Ana P. Simões
  • M.ª Conceição Santos
  • Ana Nunes
  • Mena Martins
  • M.ª Anjos Bispo
  • J. Martins Palminha

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.1999.5523

Keywords:

Colestase neonatal, prematuridade, cintigrafia hepatobiliar

Abstract

Os autores apresentam o estudo retrospectivo de 25 casos de colestase neonatal, avaliando a contribuição dos exames complementares, particularmente da cintigrafia hepatobiliar, para o diagnóstico nos diversos grupos etiológicos e sua orientação clínica.

Foram encontrados seis grupos etiológicos: Grupo I: Transitória multifactorial, secundária a prematuridade e/ou alimentação parentérica, sépsis e medicamentos (10 casos, 40%); Grupo II: Atrésia das vias biliares extra-hepáticas (4 casos, 16%); Grupo III: Hipoplasia das vias biliares intra-hepáticas (3 casos, 12%); Grupo IV: Hepatite neonatal (3 casos, 12%); Grupo V: Doenças metabólicas (3 casos, 12%); Grupo VI: Outras etiologias (2 casos, 8%). Verificou-se um claro predomínio da colestase transitória multifactorial, sendo esta, hoje em dia, a etiologia mais frequente nas unidades de cuidados intensivos neonatais. Neste grupo a média das idades gestacionais foi de 33 semanas, com um peso médio à nascença de 1802 gr, sendo 20% das crianças simultaneamente leves para a idade gestacional. Noventa por cento (90%) dos recém-nascidos deste grupo efectuou alimentação parentérica prolongada e 70% teve sépsis neonatal tardia. A grande maioria não teve nem acolia nem colúria. A evolução foi favorável, sem sequelas hepáticas. No grupo da atrésia das vias biliares, a totalidade dos recém-nascidos era de termo, sem complicações no período neonatal, todos adequados à idade gestacional. A grande maioria dos doentes teve acolia e colúria. A cintigrafia hepática demonstrou ausência de excreção de contraste para o intestino no grupo da atrésia das vias biliares extra-hepáticas (grupo II) e no da hipoplasia da vias biliares intra-hepáticas (grupo III). No grupo da colestase transitória multifactorial (grupo I), a totalidade dos casos evidenciou um atraso na excreção de contraste. Este exame revelou-se de extrema importância na selecção de doentes para a biópsia hepática, a qual confirmou o diagnóstico nos grupos II, III e V, não tendo sido realizada em nenhum doente das restantes etiologias (grupos I, IV e VI). Na abordagem da colestase neonatal é muito importante a história perinatal, a condição do recém-nascido (pré-termo, LIG, noxas), o exame físico e a observação cuidadosa da cor das fezes para orientação diagnóstica e selecção criteriosa dos exames complementares a efectuar. É fundamental o reconhecimento desta nova entidade, em que a colestase é o resultado da própria condição de prematuridade associada a factores iatrogénicos. A sua evolução é, habitualmente, favorável e o diagnóstico não deve passar pela realização de biópsia hepática.

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