O Ruído nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais de Lisboa e Vale do Tejo

Authors

  • Ana Sofia Niculau
  • Diogo Bogalhão do Casal
  • Patrícia Martins Lopes
  • Peter Kronenberg

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.2005.4842

Abstract

Introdução: O ruído nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonaiais é frequentemente excessivo e tem sido implicado como co-factor na patogénese da surdez neurossensorial perinatal, na alteração dos parâmetros vitais e do sono do recém-nascido e, a longo prazo, em alterações da percepção auditiva e neuro-comportamentais. Há cerca de 12 anos, um trabalho realizado na Maternidade Dr. Alfredo da Costa demonstrou que os níveis de ruído eram claramente superiores aos recomendados, não tendo sido realizados novos estudos sobre o ruído nas Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais de Lisboa e Vale do Tejo. O presente estudo tem como objectivo a caracterização do ambiente sonoro de todas as Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais desta região, bem como a avaliação da percepção subjectiva dos médicos e enfermeiros dessas unidades relativamente ao ruído.

Métodos: Em cada uma das unidades» efectuaram-se medições durante 24 horas consecutívas de diversos parâmetros de ruído (L(eq1), L(10), L(95), L(max)) na região central e dentro de uma incubadora com um recém-nascido ventilado. Avaliou-se, igualmente, o número de picos de ruído numa hora e respectivas causas, bem como os níveis de pressão sonora atingidos no interior das incubadoras durante várias actividades. Foram obtidos 182 questionários de médicos e enfermeiros dessas unidades, com o objectivo de avaliar o posicionamento destes profissionais relativamente ao ruído.

Resultados: Os valores de ruído contínuo médio (L(eq)) variaram entre 58,2 e 65,4 dBA na região central e 51,2 e 61,4 dBA no interior das incubadoras. Em todas as unidades excepto numa, o L(eq), era significativamente maior na região central do que nas incubadoras. Identificaram-se múltiplos contributos para o ruído em cada unidade. Não foram encontrados ritmos circadianos. A análise dos questionários revelou que 96,1% dos respondentes se sentem habitualmente incomodados com os níveis de ruído; 25,1% nunca receberam formação sobre o tema em questão e grande parte refere a importância de programas de sensibilização dos profissionais das unidades para minorar o ruído.

Conclusões: Durante a totalidade do tempo de medição foram registados níveis de ruído superiores aos recomendados em todas as unidades amostradas. Afigura-se importante promover a formação do pessoal das Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais para minorar os níveis de ruído nestas unidades, já que múltiplas causas de ruído parecem ser facilmente modificáveis.

Palavras-Chave: Ruído; Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais; Recém-nascidos; Efeitos do ruído.

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