O uso de capacete em crianças que andam de bicicleta da Área da Grande Lisboa
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2009.4478Abstract
A sinistralidade rodoviária, por acidentes de bicicleta, na faixa etária dos cinco aos catorze anos, é um problema de Saúde Pública emergente em Portugal. Dados da Direcção Geral de Viação e do Observatório Nacional de Saúde apontam para um número inaceitável de vítimas de acidentes de velocípedes nestas idades. Apesar do traumatismo craniano ter sido a principal causa de morte das vítimas deste tipo de acidente, registou-se que apenas um número ínfimo de crianças usava capacete. Esta situação é ainda mais dramática, uma vez que o capacete reduz o risco de traumatismo craniano em 88%.
A finalidade do nosso estudo foi avaliar o uso do capacete e as suas condicionantes, em crianças ciclistas dos cinco aos catorze anos. A metodologia consistiu na aplicação de questionários a uma amostra de conveniência de 100 crianças e respectivos encarregados de educação, complementada por uma componente observacional, em que avaliámos o uso do capacete.
De acordo com os resultados, apenas 37 das 100 crianças usavam capacete, e destas, somente seis o tinham bem colocado e respeitando as condições de segurança. Concluímos, por tanto, que um número insatisfatório de crianças usava capa cete, sendo mínimo o que o fazia de forma adequada. Também apurámos as motivações para o uso, bem como a importância relativa e absoluta do capacete. Constatámos que o papel dos pais é preponderante na educação das crianças, nomeada mente, no incentivo ao uso de capacete.
Perante os resultados obtidos, cremos ser necessário delinear estratégias que fomentem a compra e o uso do capacete. É imperativo que as crianças adquiram, desde cedo, a noção de que são vulneráveis e que têm que condicionar os seus comportamentos consoante os riscos a que estão expostas. Os capacetes de bicicleta constituem apenas uma parte de um todo de medidas necessárias para enraizar uma cultura de segurança em Portugal.