Recém-nascidos no limiar da viabilidade. Valerá a pena investir? Casuística de sete anos e comparação com resultados nacionais sobre recém-nascidos com idade gestacional igual ou inferior a 24 semanas

Authors

  • Artur Sousa
  • Catarina Nascimento
  • Margarida Abrantes
  • João Costa
  • Carlos Moniz
  • Lincoln Justo da Silva

DOI:

https://doi.org/10.25754/pjp.2010.4428

Abstract

Introdução: O grupo dos recém-nascidos (RN) no limiar da viabilidade apresenta elevado risco de mortalidade e de sequelas. Cada Unidade deve ter presentes os seus resultados para melhor informar e apoiar os pais nas decisões que tiverem de tomar.

Material e Métodos: Estudo prospectivo histórico (2000--2006), baseado na revisão casuística de RN com idade gestacional inferior ou igual a 24 semanas, tendo sido avaliados dados demográficos, da gravidez, do parto, evolução e morbilidade no período neonatal, óbitos, avaliação de desenvolvimento e sequelas.

Resultados: Foram estudados 24 RN sendo 63% do sexo masculino, gémeos em 29%, parto vaginal em 83% e peso médio à nascença 619±97g. O limiar de viabilidade situou-se nas 24 semanas. A mortalidade global foi de 58%. Tiveram acompanhamento regular 71% das gestações e a corticoterapia pré-natal foi feita em 54%. As morbilidades mais frequentes foram dificuldade respiratória (92%), anemia (75%), hipotensão arterial (58%), hemorragia intraventricular (54%) e sépsis (50%). Seis casos tinham anomalias congénitas associadas.
Em 88% foi administrado surfactante. Os dez sobreviventes acompanhados após a alta, foram avaliados em 1 de Junho 2007, com diferentes idades. Duas crianças estavam normais, quatro tinham sequelas ligeiras, duas sequelas moderadas e duas sequelas graves.

Conclusões: Apesar da mortalidade e morbilidade muito significativas, da amostra reduzida e da diversidade do período de acompanhamento, parece aceitável o investimento na sala de partos nos RN com 24 semanas de idade gestacional, que terá sempre em consideração a condição clínica e vitalidade do bébé após o nascimento.

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