Rastreio auditivo neonatal universal num centro hospitalar de nível II: estudo retrospectivo de três anos
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2014.3790Abstract
Introdução: A audição é essencial ao desenvolvimento da linguagem oral e cognição. A incidência de surdez é de 1-3/1000 recém-nascidos (RN) saudáveis e 20-40/1000 de risco. A realização de rastreio auditivo só nestes últimos identifica apenas 50% dos casos de surdez. O objetivo do Rastreio Auditivo Neonatal Universal (RANU) é testar todas as crianças no primeiro mês de vida. No caso de perda auditiva confirmada, dever-se-á iniciar a reabilitação auditiva, até aos seis meses de idade.
Métodos: Estudo observacional e retrospetivo num centro hospitalar nível II, de 01/07/2009 a 31/07/2012. Incluíram-se todos os RN internados no Berçário e na Unidade de Cuidados Especiais Neonatais submetidos a avaliação audiológica por otoemissões acústicas (OEA) e, quando indicado, por potenciais evocados auditivos do tronco cerebral (PEATC).
Resultados: A avaliação englobou 99,9% dos 5504 RN. Na primeira fase 9% reprovaram nas OEA, passando à segunda. Destes, 11,5% voltaram a não passar e foram encaminhados para estudo complementar por PEATC e impedanciometria. Na terceira fase, 41.7% tiveram alta e 58,3% mantiveram seguimento: 50% por fatores de risco e 50% por alterações nos PEATC, metade dos quais com hipoacúsia. De referir que 3,5% dos RN apresentavam fatores de risco, destacando-se ototoxicidade, baixo peso e prematuridade. Deste subgrupo apenas dois apresentavam critérios de surdez. A taxa de abandono antes dos três anos foi de 19.3%.
Discussão: O RANU é inócuo e de simples aplicação. A sua realização a todos os RN é fundamental na detecção precoce da surdez, sendo a chave para uma orientação atempada e eficaz.
Palavras-chave: hipoacusia, rastreio auditivo neonatal universal (RANU), recém-nascidos, OEA, PEATC, impedanciometria.