Interrupção voluntária da gravidez na adolescência num centro hospitalar do grupo I: casuística de quatro anos
DOI:
https://doi.org/10.25754/pjp.2014.1234Abstract
Introdução: Uma gravidez não planeada na adolescência tem consequências a nível físico, mas sobretudo aos níveis emocional e social. Após legalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), esta passou a ser também uma opção para as grávidas adolescentes.
Objectivos: Conhecer a realidade do nosso Hospital sobre IVG na adolescência.
Métodos: Recolha de informação dos processos clínicos da consulta de gravidez indesejada. Foram incluídas 108 grávidas adolescentes, até aos 19 anos, que realizaram IVG de Janeiro de 2008 a Dezembro de 2011.
Resultados: Nestes 4 anos foram realizadas 868 IVG, 12% em grávidas com idade inferior a 19 anos - valor semelhante à média nacional - , mas 2% tinham menos de 15 anos - valor muito superior aos 0,6% da média nacional. A maioria eram portuguesas e estudantes. Cerca de 11% já tinham uma IVG anterior.
O não planeamento da gravidez foi a principal razão da IVG (53%), tratando-se de uma primeira gestação para 76% das adolescentes. No entanto, 17% dos casos correspondiam a uma segunda e 7% a uma terceira gestação. 38% não usavam qualquer método contraceptivo.
Conclusão: O número de IVG em adolescentes foi semelhante à média nacional, mas a realização de IVG em adolescentes até aos 15 anos foi muito superior ao total nacional.
Tendo em conta as graves consequências psicológicas, sociais, educacionais e económicas de uma IVG na adolescência, esta não pode nunca ser encarada como método contraceptivo. Parece, pois, importante uma intervenção mais efectiva na educação sexual dos jovens para a prevenção de uma gravidez indesejada.